De que serve um aeroporto com tudo o que existe de mais moderno, afastado de tudo e sem boas condições de acesso? Guardadas as devidas proporções, este cenário é parecido com o desafio enfrentado por quem precisa movimentar cargas nos portos baianos. Os produtores de bens industriais e agrícolas baianos estão a quase 2 mil quilômetros de distância de São Paulo, principal mercado consumidor do Brasil. E além disso, precisam superar más condições de acesso para chegar até os portos.
Em acelerado processo de decadência, a movimentação de cargas ferroviárias na Bahia míngua um ano após o outro. Há dez anos, o volume de cargas movimentadas pelos trilhos era de aproximadamente 1,3 milhão de toneladas úteis. Caiu para 1 milhão, segundo dados do Painel CNT do Transporte - Ferroviário. De 2013 para 2022, mesmo com a expansão da economia, o estado perdeu 22% das cargas movimentadas, ao mesmo tempo em que assistiu o encolhimento da malha ferroviária disponível.
Em 2013, a Bahia era o 13º estado em movimentação de cargas, no universo de 15 unidades da federação que possuíam algum tipo de estrutura para movimentação de cargas ferroviárias. Hoje, num total de 17, a Bahia ocupa a 14ª posição. É a prática do conceito de andar para trás.
Em relação ao transporte rodoviário, um outro estudo produzido pela CNT mostra que a Bahia é o estado que possui a maior extensão rodoviária sob controle federal, com um total de 8,5 mil quilômetros de vias. Porém, em 20 anos, entre 2001 e 2021, foi apenas a sexta maior receptora de recursos para investimentos na estrutura.