Foto: Divulgação/PMS
Mais de 96% dos domicílios particulares ocupados em Salvador foram recenseados - precisamente, 96,7%. O índice deixa a cidade no posto de sétima menor taxa de não resposta entre as 26 capitais do país e acima da média do Brasil, de 95,8%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao Metro1.
O número caminha na contramão da aposta feita pelo prefeito da capital baiana, Bruno Reis (União), de que o instituto não conseguiu abranger a população necessária para compor os dados com precisão.
A declaração do prefeito foi feita no início deste mês, no dia 2 de julho, na comemoração da Independência do Brasil na Bahia, em resposta aos números do IBGE, que revelaram que Salvador foi a capital brasileira que mais perdeu habitantes nos últimos 12 anos. Ao todo, foram 257 mil moradores a menos em território soteropolitano, uma redução que representa 9,6%.
"Evidente que esses números, com todo respeito ao IBGE, pode ter tido dificuldade dos recenseadores de extrair a realidade. Se você for ver, nesses últimos 12 anos, o número do eleitorado aumentou, o número de pessoas que usam o Sistema Único de Saúde aumentou, aumentou as matrículas de educação", declarou Bruno Reis.
A supervisora de Disseminação de Informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, explicou, em entrevista ao Metro1, que os pouco mais de 3% dos domicílios não recenseados não ficaram descobertos. Segundo ela, as 31.246 habitações passaram pelo Processo de Imputação, estratégia internacional usada também no Censo de 2010, que classifica a população sem resposta com base em domicílios semelhantes que foram recenseados.
“Todas as informações do questionário base são colocadas ali por semelhança. Esses domicílios não ficam vazios”, elucidou Mariana.
Empecilhos
Os obstáculos de fato existiram, dos mais diversos - o que fez com que o Censo 2022 fosse o mais longo da história, com duração de dez meses - mas, segundo Mariana, foram superados. De acordo com a supervisora, algumas das dificuldades encontradas pelos recenseadores foram nas áreas em que ela definiu como “extremos”.
Nas regiões de alta renda, houve dificuldades para acessar condomínios e encontrar pessoas. Já nas de baixa renda, a violência chegou a impedir o trabalho dos recenseadores. Como forma de superar as barreiras, o IBGE realizou pelo menos quatro visitas aos imóveis onde não obtinham respostas, deixou cartas para estabelecer comunicação e abriu um ramal para que a população ligasse, além de contar com a Central Única das Favelas (CUFA) para os locais de difícil acesso.
“Foi um censo muito desafiador por problemas mais agudos, a questão do convencimento das pessoas da importância da pesquisa e de encontrar essas pessoas. Mas, com muito trabalho e determinação, concluímos belamente e com muita precisão”, finalizou.