A sessão ordinária da última quarta-feira (23/03), na Câmara Municipal de Dias d’Ávila, não aconteceu por falta de coro, já que 12 parlamentares decidiram não participar da reunião por conta do não pagamento do salário dos assessores dos gabinetes. Em protesto, os vereadores não subiram para o plenário, apenas o vice-presidente da Casa, Marant Azevedo (PSD) e Cleiton Lima (PSD) acompanharam o presidente da Casa Legislativa, Renato Henrique (PP).
De acordo com o vereador Tiago Saraiva (PT), uma reunião com o presidente foi realizada antes do horário regimental da sessão, onde o gestor alegou que a Câmara não tinha recursos para pagar os salários dos dois assessores que cada parlamentar tem direito. “Não estávamos questionando nenhum benefício para o vereador, mas o direito ao pagamento dos servidores que durante um mês trabalharam, mas não tivemos êxito na conversa e ele decidiu abrir a sessão fora do horário regimental que é de 15 minutos a partir das 17h30, ou seja, pode ser aberta até as 17h45, depois desse horário não pode mais. No caso ele quis abrir a sessão às 18h para não participar mais da reunião onde estávamos questionando o pagamento dos assessores e por isso decidirmos não subir porque seria até uma ilegalidade”.
Segundo o vereador pastor Júnior de Araci (PSD), seus assessores foram cortados da folha desde janeiro, onde um recebia R$ 1.050 e o outro R$ 1.300. “Ele cortou para que a gente não possa fazer projeto de lei, indicações, requerimentos e nem ofícios, impedindo os vereadores de trabalharem. Mas o Renato não cortou os salários das pessoas ligadas a ele. Por exemplo, o controlador, o procurador, o tesoureiro, o ouvidor e o administrador da Câmara, cada um ganha R$ 7.500, ou seja, os salários desses cinco funcionários dele pagariam os salários dos 30 assessores dos vereadores”, ressaltou.
Os veículos e combustíveis dos parlamentares também foram cortados, pontuou o pastor Júnior de Araci. “De forma perversa com a sociedade, porque os vereadores descem de madrugada para Salvador para o Hospital Roberto Santos, o Hospital Geral do Estado, Hospital da Mulher para levar pacientes para operar, onde fazemos esse trabalho social que é de suma importância, e para impedir nosso trabalho junto à comunidade, ele pediu também os carros. Renato alega que o prefeito tinha que mandar R$ 900 e poucos mil para Câmara, mas será que a Câmara precisa desse dinheiro todo? Esse valor é para pagar os altos salários dos funcionários ligados a ele, porque quanto mais dinheiro melhor”, salientou.
Foi feito o repasse de R$ 580 mil reais a Câmara Municipal, segundo os parlamentares que defendem o pagamento dos salários dos servidores.